Danielle Silva e Vanessa Alencar
O presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, Ricardo Valença, que entregou na manhã desta terça-feira, 27, o pedido de exoneração da Secretaria Municipal de Educação, falou com o Alagoas24Horas nesta tarde. O secretário afirma que sua decisão foi pessoal e não dos Partidos dos Trabalhadores (PT) e negou que houvesse “racha”.
“Saio da Secretaria satisfeito com o PT e com a confiança depositada em mim pelo prefeito. Poderíamos ter feito mais, mas a pressão para se manter o ‘jeitinho’ continua na Educação”, desabafa Ricardo Valença, que havia anunciado que sua saída era resultado de um problema de saúde relacionado a uma gastrite.
Questionado se o pedido de exoneração significaria a saída do Partido dos Trabalhadores da base aliada do governo Cícero Almeida (PP), Valença se limitou a dizer que comandou a pasta com ética. “Nós não cedemos à pressão, fizemos tudo com ética”, ressaltou, lembrando que encontrou na secretaria muitas irregularidades como a falta de licitação.
O presidente estadual do PT não confirmou o ‘racha’ interno do partido e justificou: “o partido é plural. É natural que haja divergência”, finalizou.
No entanto, servidores da Secretaria confirmaram o ‘racha interno’ e reiteraram uma série de problemas que ocorreram na pasta que culminaram com a saída de Valença. Segundo os servidores, o secretário não teria aceito ordens superiores. Os servidores acreditam que Beltrão deverá assumir o cargo.
Balanço
O ainda secretário de Educação de Maceió – já que Almeida não aceitou o pedido de exoneração – participou na tarde desta terça-feira, 27, de uma reunião com diretores de escolas da rede municipal de ensino, onde apresentou um balanço dos cinco meses da sua administração à frente do órgão. Na ocasião, Ricardo Valença fez discurso emocionado para um auditório lotado. Entre os servidores o clima era de comoção.
Valença destacou entre outras coisas, que trabalhou das 8 horas da manhã até as 22 horas durante vários meses, sob pressão e confidenciou sua revolta ao ver servidores da Educação lotados em gabinetes de vereadores e até na Federação Alagoana de Futebol (FAF). “Fizemos o possível e o impossível”, frisou, acrescentando que se dedicou também a corrigir distorções nos salários.
E as denúncias continuaram. “Alguns servidores ganhavam R$ 200 para ficar calados e os que estavam perto do poder ganhavam R$ 5 mil. Isso eu não aceito e não concordo. E tive apoio dos trabalhadores da Semed”, revela.
Os servidores cobraram a presença do secretário-adjunto, Tomaz Beltrão e do prefeito Cícero Almeida, na reunião. Para eles, os dois também devem satisfação, sobretudo, devido às mudanças constantes no comando da pasta. “Este é o 9º secretário que deixa a Educação. Estamos cansados de tantas mudanças”, reclamaram e atribuem o problema as indicações do prefeito.
“A Semed está uma negação. A Educação do município é motivo de chacota. A depender da Secretaria – e eu não estou me referindo a esta gestão – não faríamos quase nada nas escolas. O secretário fez bem em não assinar cheque em branco”, alfinetou Gorete Fernandes, diretora da escola Almeida Leite, acrescentando: “A Semed despenca em queda livre. O senhor prefeito precisa acertar”, criticou em relação às substituições de secretários.
Cinco diretores também entregaram as funções gratificadas após o pedido de exoneração do secretário.
Valença terminou o discurso dizendo que conseguiu, em convênio com o MEC, a implantação de uma escola técnica para atender mil alunos no Benedito Bentes e a construção de um telecentro no Jacintinho.