Em palestra na Inglaterra, Mantega diz que nunca viu condições econômicas tão favoráveis ao País
João Caminoto, CORRESPONDENTE, LONDRES
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem a cerca de cem investidores estrangeiros que nunca viu condições tão favoráveis para a economia brasileira como agora. Em palestra na sede do Banco da Inglaterra, Mantega abordou aspectos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) que mais preocupam os investidores. Ele garantiu que o plano trará maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), aliado à melhora do desempenho fiscal do País.
Mantega também afirmou que o governo terá o apoio no Congresso e dos governadores para executar as medidas. Para o ministro, com o PAC o ambiente de negócios no País será melhorado, facilitando as Parcerias Público-Privadas (PPPs) e outros investimentos estrangeiros. “Não estamos propondo nenhuma mágica”, disse.
Ele ressaltou o controle inflacionário no País. “Acabamos 2006 com uma inflação quase inglesa, de 3,14%”. E enfatizou o compromisso do governo com um bom gerenciamento fiscal. Mantega observou que, embora o governo possa subtrair até 0,5% ponto porcentual da meta do superávit primário de 4,25% do PIB para investimentos em infra-estrutura (PPI), o resultado final poderá ser superior os 3,75%. Segundo ele, com o crescimento da economia projetado pelo PAC, a arrecadação tributária deverá crescer, fortalecendo o superávit primário.
O ministro adiantou que o governo está comprometido com uma reforma tributária nos próximos meses. “O nosso sistema tributário é um pouco atrasado e tem como ser melhorado.” Entre as medidas, mencionou a criação de um imposto de valor agregado (IVA) nacional.
Sobre a Previdência, destacou a necessidade de uma “melhora de gestão”, mencionando a criação de um fórum para discutir como reduzir o déficit. Mas não falou de reforma. Indagado sobre a suspensão das concessões rodoviárias, respondeu: “O programa está mantido e o governo vai anunciá-lo em breve.”
A palestra do ministro foi interrompida várias vezes. “São tantas as exposições que fazemos que às vezes os assessores se enganam”, disse para a platéia.
MODELO BRITÂNICO
Após se encontrar com o ministro das Finanças britânico, Gordon Brown, Mantega disse que o governo brasileiro não pretende implementar o modelo de gerenciamento fiscal adotadO no Reino Unido. O assunto foi tema de especulações na imprensa nas últimas semanas. “O princípio fiscal é o mesmo”, disse Mantega, Segundo ele, o que muda é a forma de aplicação e contabilização.
Ele explicou que, no Reino Unido, por meio da “regra de ouro” implementada pelo governo trabalhista desde 1997, o Estado pode tomar dinheiro emprestado para investir em infra-estrutura, mas não para gastos correntes. “No Brasil, estamos fazendo de forma diferente, diminuindo os gastos correntes para direcionar os recursos aos investimentos em infra-estrutura pelas PPIs.”
FRASES
Guido Mantega
Ministro da Fazenda
“Não estamos propondo nenhuma mágica”
“Acabamos 2006 com uma inflação quase inglesa, de 3,14%”
“O nosso sistema tributário é um pouco atrasado e tem como ser melhorado”
“O programa (de concessões rodoviárias) está mantido e o governo vai anunciá-lo em breve”