Enquanto viatura da Polícia Civil faz o transporte de pacientes, ambulância fica parada em frente ao hospital
Problemas que a população do Vale do Paraíba está enfrentando no setor da saúde pública viraram rotina no noticiário da região. Dessa vez, o caso é em Bananal. A falta de medicamentos e de profissionais tem trazido transtornos para quem vive na cidade.
O problema está sendo investigado pelo Ministério Público que pede o afastamento imediato do prefeito.
Na Unidade Mista da cidade é comum encontrar viaturas da Polícia Civil socorrendo pacientes. A ambulância, que deveria fazer o transporte do morador, estava parada em frente ao hospital. Segundo os moradores, isso acontece com frequência no município.
“Quando não tem ambulância a polícia mesmo vem ajudar, eles que trazem o paciente aqui porque não tem viatura”, diz a manicure Edna Gentil.
A mãe da aposentada Teresa Carvalho ficou um tempo internada na unidade antes de morrer. A moradora acredita que a mãe, que era diabética, tenha sido prejudicada pela falta de estrutura do local.
“Minha mãe tomou dois litros de soro com glicose, ela era diabética, não tinha soro fisiológico, nem a insulina regular, aí o que foi feito, chamaram a UTI de Cruzeiro e levaram minha mãe pra ‘desovar’ lá, e ela morreu seis dias depois”, diz indignada a aposentada.
Problemas que levaram o Ministério Público a vistoriar as condições do hospital. Durante os trabalhos, o promotor Kleber Basso, constatou irregularidades nos remédios oferecidos à população. “Dentre os medicamentos lá existentes, a gente localizou cerca de 30 lotes sem nota fiscal. Pra não prejudicar mais a população fizemos a apreensão apenas de amostras desses medicamentos e foi apreendido e depositado em favor da própria unidade até regular a apuração dos fatos”, explica o promotor.
O promotor moveu uma ação civil pública contra a prefeitura. De acordo com ele, as investigações do Ministério Público teriam começado há cinco anos. No processo, Kleber Basso aponta nove irregularidades praticadas pela unidade mista. Entre elas, a falta de medicamentos básicos, número insuficiente de médicos, compra de remédios sem licitação e sem nota fiscal e o mais grave, a morte de pacientes por falta de equipamentos.
“Em razão da falta de manutenção de equipamentos lá existentes, que já existem na unidade mista e que por negligência da administração, por falta de manutenção desses equipamentos, pessoas estão falecendo, então vem a óbito”, conta Basso.
O caso foi encaminhado para a Delegacia Seccional de Cruzeiro, que ficará responsável pelas investigações. Nas ações, o promotor ainda pede o afastamento de quatro pessoas da administração municipal. Entre elas, o prefeito David Moraes e a secretária de saúde Ana Lúcia Torres.
Na semana passada, a secretária de saúde pediu exoneração do cargo. Sem uma solução definitiva para o problema, a população vai continuar olhando desconfiada para a saúde pública.
De acordo com a prefeitura, Ana Lúcia Torres deixou o cargo por vontade própria. Em seu lugar entrou Pedro Luiz. Segundo o promotor de Justiça, ontem à tarde foi protocolado, no Tribunal de Justiça em São Paulo, recurso pedindo o afastamento imediato do diretor adjunto de saúde, um assessor e do prefeito Davi Moraes. O resultado deve sair até sexta-feira. Já o delegado seccional de Cruzeiro confirmou que foi instaurado inquérito policial. Mas como o caso é recente as investigações ainda estão no início.